Computador na periferia Por Cézar Menezes Nas favelas e periferias das grandes cidades brasileiras, a inclusão digital está acontecendo não pelas mãos do governo – mas das próprias comunidades, e de seus pequenos empresários. Heliópolis é a maior favela de São Paulo; é um aglomerado de ruas e moradias improvisadas, com casas pequenas. Uma delas teve que ficar menor ainda, para a renda de uma família crescer. A microempresária Eliane Portela trocou e "Quando o meu marido ficou desempregado, foi o que manteve a minha casa, todas as minhas contas. O que me sustentou – eu, as minhas filhas e o meu marido – foi isso aqui”, ela mostra. A lan house agora é fonte de renda e de planos. E a nova microempresária Eliane vai comprar mais oito computadores. Para isso, já sabe de onde tirar o dinheiro. "Com esses mesmos eu vou trabalhando, vou pagando e comprando mais. Eles mesmos vão se pagar”, afirma. A certeza vem da fila de espera – seja na antiga cozinha de Eliane, seja em outra lan house, recém inaugurada numa periferia do outro lado da cidade. Eduardo Ferreira fica até as 23h navegando na Internet, um mundo que ele só descobriu há um mês. "Através de amigos meus eu tive acesso, gostei e tô freqüentando aqui até agora. E pretendo freqüentar mais vezes”, conta o estudante. A lan house é o lugar mais badalado do bairro, que tem poucas opções de lazer. "Sair pra lan house e trocar idéias, assim também é bom. Você encontra amigos que é difícil ver durante o dia, na lan house sempre estão aparecendo pra conversar um pouco”, diz o estudante José das Neves Júnior. O que acontece nas lan houses da periferia de São Paulo e em muitas outras espalhadas pelo país é mais do que diversão e ponto de encontro de amigos; é um tipo de inclusão digital promovida pela iniciativa privada. Pequenos empresários perceberam que Internet é necessidade de muita gente, e que oferecer acesso à rede é um bom negócio. "Eu percebi isso quando vi que na nossa comunidade, no nosso bairro, nós não tínhamos um centro cultural. Então, eu juntei meus esforços junto com um amigo, um sócio que fez um curso de informática, e estamos aí dando o nosso primeiro passo, tentando trazer esse material, esse recurso pra esse pessoal”, conta o microempresário Renato Cristian. É um recurso caro e mal distribuído. Uma pesquisa do comitê gestor da Internet, que tem representantes do governo federal e da iniciativa privada, revela que só 14,5% das famílias brasileiras têm acesso à rede em casa. Nas classes D e E, o número não chega a dois por cento (1,61%). Entre os jovens da periferia que usam a Internet, 48% freqüentam lan houses. Uma hora de acesso, em São Paulo, custa R$ 2. O segurança Jefferson Lima não acha caro. Acha útil. "Poder acessar meus e-mails, ver propostas de empregos – porque eu envio currículos pra várias empresas e recebo respostas. E também envio mensagem de pra amigos, recebo mensagens de amigos”, enumera. "Já é algo que está fazendo parte do meu cotidiano". |
15.12.06
Isso sim que é inclusão digital ...
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